Boa-tarde a todos…
Sexta-feira é sinônimo de correria por aqui, mas a boa notícia é que podemos falar qual é o assunto da edição da próxima semana, a trigésima da história do Outra Pauta. Para marcar esse número retomamos, 20 semanas depois, o assunto da nossa 10ª edição: trânsito. De lá pra cá algumas coisas mudaram nas ruas de Cascavel, por exemplo, a “praça da bíblia” foi reformada e foram instalados semáforos no Trevo das Cataratas. Alguns temas são retomados e outros que não haviam sido abordados se fazem presentes, infração gravíssima não conferir.
Para cumprir a promessa feita no início da semana, postamos hoje mais uma contribuição do leitor. Dessa vez uma crônica do oficineiro Leandro Navarro, que se inspirou num ambiente onde muitas coisas acontecem: o ônibus do transporte coletivo,
SÓ UM PASSINHO PARA TRÁS
Leandro Navarro
Não é nenhuma novidade que o transporte público é desconfortável, caro e super lotado até no nome, lotação. O trabalhador tem que se sujeitar a esperar em longas filas para pegar uma lotação fora do comum, apertada e quente. Dependendo da distancia que ele precise percorrer, é preciso pegar vários ônibus, e ter a paciência de esperar por longos e intermináveis minutos ou horas até chegar ao seu destino.
Recentemente estava eu nesta mesma situação, após ceder meu lugar para uma gestante, pulei para o corredor, que ainda estava vazio. De ponto em ponto, aquilo virou um verdadeiro caos. Pessoas entravam descontroladamente, com caixas e sacolas nas mãos, os pontos cada vez mais lotados pareciam à fila da agência de empregos. Até pensei que talvez pudéssemos entrar no livro dos recordes, por maior quantidade de pessoas com bagagem em um veículo de transporte coletivo. Quando eu achei que não poderiam entrar mais pessoas, o cobrador com toda a boa vontade disse: “O pessoal, só um passinho pra trás, por favor, tem gente querendo entrar, colaborem”. Por alguma razão, ele achou que não estávamos colaborando. E começou uma reclamação geral por parte dos passageiros.
O ápice desta balburdia, foi a última senhora a entrar, desrespeitando a placa ela permaneceu nos degraus. Só ai o motorista percebeu que o show estava com lotação esgotada, e disse: “agora eu só paro no terminal”. Foi um alivio geral, pensamos: pior do que está não vai ficar. Aquela senhora dos degraus gritou: “você está louco? Eu preciso descer daqui à 3 pontos”. Fiquei pensando qual seria a mágica dela para atravessar aquele corredor lotado, com gente escorada até na roleta. A solução foi simples, de mão em mão, ela passou o dinheiro para o cobrador, que de mão em mão retornou o troco a ela. Então ela desceu pela porta da frente, mas sem girar a roleta.
Cenas como esta são comuns, os trabalhadores, que sustentam este país com seu trabalho e impostos, são desrespeitados todos os dias. Não é apenas no transporte coletivo que isso acontece. Imaginem as filas dos bancos, das lojas, dos supermercados. E o povo vai levando, sem força para reclamar, ou muitas vezes por não conhecer seus direitos. Cada vez mais vai dando um passinho para trás, e mais outro, o duro é saber quando vão dar um passo à frente.
Obrigado aos visitantes que comentaram. É bom saber que vocês estão aí, rsrs.
Ah, amanhã rola o filme Bem-Vindo à Casa de Bonecas, “de grátis”, no Cine Clube Silenzio, no Sesc. Mais informações aqui. Estão sempre convidados, tem até certificação de horas culturais.
Até breve!
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