Vocês devem ter reparado que já há algumas edições temos uma seção chamada Patch Work, trazindo, é a “colcha de retalhos” do Outra Pauta, os autores que fundamentam, inspiram e ensinam estão dando as caras nessa seção.
Resolvemos trazer os ilustres aqui para o blog também. É mais ou menos como “Um vale a pena ler de novo”, e nesse caso vale mesmo. A idéia é que os visitantes comentem os textos, já que o blog possibilita isso… Os primeiros convidados foram Torquato Neto e Raoul Vaneigem, na 18ª Edição, olha o que eles dizem:
“Quando eu a recito ou quando eu a escrevo, uma palavra, um mundo poluído – explode comigo e logo os estilhaços desse corpo arrebentado, retalho em lascas de corte e fogo e morte (como napalm) espalham imprevisíveis significados ao redor de mim: informação. Informação: há palavras que estão no dicionário e outras que não estão e outras que eu posso inventar, inverter. Todas juntas e à minha disposição, aparentemente limpas, es~tao imundas e transformaram-se, tanto tempo, num amontoado de ciladas.
Uma palavra é mais do que uma palavra, além de uma cilada. Elas estão no mundo e portanto explodem, bombardeadas. Agora não se fala nada e tudo é transparente em cada forma; qualquer palavra é um gesto e em sua orla os pássaros de sempre cantam nos hospícios. No princípio era o verbo e o apocalipse, aqui será apenas uma espécie de caos interior tenebroso da semântica. Salve-se quem puder”.
(Torquato Neto na Geléia Geral de 8 de outubro de 1971)
“(…) ocupar espaço, amigo, estou sabendo, como você, que não está podendo haver jornalismo no Brasil e que – já que não deixam – o jeito é tentar, não tem outro que seja desistir. E eu sinceramente acredito que não está na hora de desistir: ou a gente ocupa e mantém a porra do espaço, para utilizá-lo, pra transar, ou a gente desiste. Eu prefiro o sacrifício”.
(trecho de uma carta de Torquato Neto a Almir Muniz reproduzida em “Torquatália – Do lado de Dentro” Ed. Rocco)
“A memória é uma ilha de edição”
(Mensagem gravada na secretária eletrônica do poeta Waly Salomão – meados da década de 90)
“A perspectiva da rendibilidade a todo o custo é a cortina de ferro dum mundo vedado pela economia. A perspectiva de vida, por seu turno, abre-se para um mundo onde tudo existe com vista a ser descoberto e criado. Ora acontece que a instituição escolar pertence ao mundo dos negócios, o qual pretende administrá-la cinicamente, deixando até de sentir-se perturbado pelo velho formalismo humanitário. Resta saber se alunos e professores se deixarão reduzir à função de engrenagens lucrativas, pois nada de bom prevendo uns e outros nessa gestão dum universo em ruínas a que são convidados, eles bem podem preferir aprender a viver, em vez de se economizarem.”
(Raoul Vaneigem, in “Aviso aos alunos do básico e do secundário” Editora Antígona)
Ah! Ainda hoje temos a edição sobre a Saúde disponível em PDF, vale a pena voltar aqui de novo.
Até logo!
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